Por que é necessário existir um dia dedicado à mulher?

O 8 de Março é muito mais que uma data de celebração ou um momento para as mulheres receberem flores e homenagens de familiares e colegas de trabalho. O Dia Internacional da Mulher é uma data política, um marco necessário para refletir sobre as desigualdades e violências enfrentadas diariamente pelas mulheres. Apesar dos avanços, as mulheres ainda não têm acesso pleno a direitos que deveriam ser garantidos.

É um desafio que atravessa gerações, culturas e classes sociais. No Brasil, as mulheres ainda são as maiores vítimas de violência e exclusão. O Mapa da Violência aponta que o país está entre os líderes globais em assassinatos de mulheres. Esses dados escancaram a necessidade de debater, incansavelmente, o direito das mulheres à vida e à segurança.

A pauta do 8 de Março é permeada por questões urgentes e inadiáveis, e uma das principais é a violência de gênero. Andar sozinha na rua, para muitas mulheres, não é apenas um simples deslocamento, mas uma experiência carregada de medo e vulnerabilidade.

O risco de ser assediada, atacada ou até morta é uma realidade presente em cada esquina. E o que mais assusta é perceber que as ferramentas que deveriam protegê-las, como as medidas protetivas, muitas vezes falham. A cultura de violência e o machismo estrutural ainda predominam, colocando as mulheres em uma posição de constante ameaça.

É um dia afirmativo, sim, mas também um dia de luta e conscientização. Não há como normalizar o fato de que uma mulher não pode sair de casa sem temer pela própria vida. Não há como aceitar que as políticas públicas são insuficientes para conter a escalada de agressões e feminicídios.

O Dia Internacional da Mulher é, antes de tudo, um lembrete de que a luta por igualdade, respeito e dignidade não pode parar. Não é uma data para ser esquecida no calendário ou romantizada com discursos vazios. É uma data política, que exige ação, que clama por justiça e que continua sendo necessária enquanto houver uma mulher vítima de violência, uma mulher impedida de ser livre.

Por Renan Kayser, pai de três meninas.